... vou hoje escrever algumas palavras, neste final de semana. Vou ficar novamente por Lisboa, qualquer dia sou excomungada, porque não vou assim tantas vezes a "casa-casa", como gostumo dizer. Mas irei muito em breve para, se tudo correr bem, gozar de um fim-de-semana bem prolongado junto dos meus pequeninos, que me custa ver crescer, sem acompanhar de perto! Mas felizmente sei que eles estão lá. E estão bem!
Posso dizer que passei uns dias menos bem.
"Segredo", aqui te deixo a devida explicação. Nada de novo como vais saber. Por isso não queria estar a chatear-te com estes assuntos. Não me apetecia mesmo falar. Sim, apetecia-me chorar. Chorei. Passou. Até há pouco tempo raramente chorava. Agora isso é mais frequente. Na realidade, não tem mal nenhum. Liberta-se o que vai cá dentro. O que deve mesmo ter de sair. O que se vai acumulando sem nos apercebermos.
Acontece-me algumas vezes ficar assim: triste, sem conseguir explicar ao certo o motivo. Por um lado, não tenho motivo nenhum aparente para me estar a queixar... e sinto-me mal porque não me sinto no direito de o fazer, porque há problemas bem piores que os meus. Mas se formos a ver bem, nem são bem queixas. São apenas desabafos... Enfim, continuando... O que despoletou este estado foi uma frase que me disseram: "Quanto tempo mais vais passar sem te divertir?" O que me fez pensar na vida que deito ao lixo! Nos melhores anos, que acho que não consigo aproveitar como os outros fazem. Não saí para me divertir. Seria hoje à noite. Amanhã tenho coisas marcadas para cedo. Para me divertir teria de estar a fazer horas sozinha, para poder ter companhia por pouco tempo, pois teria de regressar cedo. Ou seja, não sei se me iria divertir assim tanto. A minha cabeça está formatada por obrigações... obrigações... obrigações. Por vezes só me apetece esmagá-la contra a parede. Formatar o disco rígido e voltar a usá-lo instalando outros programas, outras prioridades, tal como agarrar a vida que me foge, sem me sentir culpada ao fazê-lo, porque tenho todo o direito.
A juntar a isto, a sensação que não tenho sonhos definidos. Não sonho ter a minha família, não sonho ter filhos, não sonho casar de vestido numa igreja repleta de flores... Não sei bem o que quero para a minha vida, nem como lá chegar. Só sei que quero ser feliz. Ter momentos felizes. Dar-lhes o devido valor! Amar-me tal como sou. Amar alguém, só porque sim (e esta expressão roubei à "Segredo"). Sonho que esta sensação de solidão me abandone, seja como for. Encontrar objectivos de vida mais concretos. Ser útil para fazer render esta vida vazia. Ter a coragem. Ser menos cobarde. Ser menos exigente... Ter mais força!
Hoje não fui trabalhar para poder assistir a um colóquio sobre um tema bastante interessante. Posso ter dias sem nada além do trabalho, mas outros há em que se junta tudo! Além do colóquio, interessava-me mesmo muito ir à inauguração de uma exposição. Gosto deste tipo de coisas e situações, que parece que nos transportam para outra dimensão! Decidi sair um pouco mais cedo do colóquio, ao qual faltou uma das oradoras que mais me interessava ouvir, mas que no conjunto estava a ser bastante interessante, e onde uma senhora me reconheceu por eu ter participado como oradora numa conferência em Maio, e me veio falar de um possível trabalho. Nada mal, hein?
Saí, esperei muito pelo eléctrico... Saí do eléctrico e esperei horas pelo autocarro para me levar para a exposição. Eu até podia ter ido procurar outro transporte, mas estava sempre naquela do autocarro estar quase a vir. Nisto, olhava para o relógio e verificava que a inauguração já deveria estar a meio e eu a meio estava do caminho de chegada! Juro que tive de me controlar para não partir o guarda-chuva contra a paragem ou quem me aparecesse á frente! Até que pensei... desisto, a estas horas já não vou ver nada... e o autocarro que não chegava! E decidi a coisa mais sensata: fui comprar umas botas que me faziam mesmo falta e que não pude comprar no dia anterior, porque o mesmo autocarro também se atrasou muito e não me faria chegar a tempo à loja. Isto dito assim parece mesmo fútil, mas as ditas botas deram-me mesmo jeito e fiz o mais importante: quebrei uma obrigação, porque poderia mesmo ter continuado à espera do 60 - o autocarro!
Nao fiz nem uma coisa nem outra. Acabei por fazer algo que não tinha planeado. E vendo bem as coisas nem foi nada mau...
E é mesmo isto que quero que aconteça sempre: dar a volta por cima, seja em que situação for!
Bom fim-de-semana!