sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ao som de Norah Jones...

... vou hoje escrever algumas palavras, neste final de semana. Vou ficar novamente por Lisboa, qualquer dia sou excomungada, porque não vou assim tantas vezes a "casa-casa", como gostumo dizer. Mas irei muito em breve para, se tudo correr bem, gozar de um fim-de-semana bem prolongado junto dos meus pequeninos, que me custa ver crescer, sem acompanhar de perto! Mas felizmente sei que eles estão lá. E estão bem!
Posso dizer que passei uns dias menos bem.
"Segredo", aqui te deixo a devida explicação. Nada de novo como vais saber. Por isso não queria estar a chatear-te com estes assuntos. Não me apetecia mesmo falar. Sim, apetecia-me chorar. Chorei. Passou. Até há pouco tempo raramente chorava. Agora isso é mais frequente. Na realidade, não tem mal nenhum. Liberta-se o que vai cá dentro. O que deve mesmo ter de sair. O que se vai acumulando sem nos apercebermos.
Acontece-me algumas vezes ficar assim: triste, sem conseguir explicar ao certo o motivo. Por um lado, não tenho motivo nenhum aparente para me estar a queixar... e sinto-me mal porque não me sinto no direito de o fazer, porque há problemas bem piores que os meus. Mas se formos a ver bem, nem são bem queixas. São apenas desabafos... Enfim, continuando... O que despoletou este estado foi uma frase que me disseram: "Quanto tempo mais vais passar sem te divertir?" O que me fez pensar na vida que deito ao lixo! Nos melhores anos, que acho que não consigo aproveitar como os outros fazem. Não saí para me divertir. Seria hoje à noite. Amanhã tenho coisas marcadas para cedo. Para me divertir teria de estar a fazer horas sozinha, para poder ter companhia por pouco tempo, pois teria de regressar cedo. Ou seja, não sei se me iria divertir assim tanto. A minha cabeça está formatada por obrigações... obrigações... obrigações. Por vezes só me apetece esmagá-la contra a parede. Formatar o disco rígido e voltar a usá-lo instalando outros programas, outras prioridades, tal como agarrar a vida que me foge, sem me sentir culpada ao fazê-lo, porque tenho todo o direito.
A juntar a isto, a sensação que não tenho sonhos definidos. Não sonho ter a minha família, não sonho ter filhos, não sonho casar de vestido numa igreja repleta de flores... Não sei bem o que quero para a minha vida, nem como lá chegar. Só sei que quero ser feliz. Ter momentos felizes. Dar-lhes o devido valor! Amar-me tal como sou. Amar alguém, só porque sim (e esta expressão roubei à "Segredo"). Sonho que esta sensação de solidão me abandone, seja como for. Encontrar objectivos de vida mais concretos. Ser útil para fazer render esta vida vazia. Ter a coragem. Ser menos cobarde. Ser menos exigente... Ter mais força!
Hoje não fui trabalhar para poder assistir a um colóquio sobre um tema bastante interessante. Posso ter dias sem nada além do trabalho, mas outros há em que se junta tudo! Além do colóquio, interessava-me mesmo muito ir à inauguração de uma exposição. Gosto deste tipo de coisas e situações, que parece que nos transportam para outra dimensão! Decidi sair um pouco mais cedo do colóquio, ao qual faltou uma das oradoras que mais me interessava ouvir, mas que no conjunto estava a ser bastante interessante, e onde uma senhora me reconheceu por eu ter participado como oradora numa conferência em Maio, e me veio falar de um possível trabalho. Nada mal, hein?
Saí, esperei muito pelo eléctrico... Saí do eléctrico e esperei horas pelo autocarro para me levar para a exposição. Eu até podia ter ido procurar outro transporte, mas estava sempre naquela do autocarro estar quase a vir. Nisto, olhava para o relógio e verificava que a inauguração já deveria estar a meio e eu a meio estava do caminho de chegada! Juro que tive de me controlar para não partir o guarda-chuva contra a paragem ou quem me aparecesse á frente! Até que pensei... desisto, a estas horas já não vou ver nada... e o autocarro que não chegava! E decidi a coisa mais sensata: fui comprar umas botas que me faziam mesmo falta e que não pude comprar no dia anterior, porque o mesmo autocarro também se atrasou muito e não me faria chegar a tempo à loja. Isto dito assim parece mesmo fútil, mas as ditas botas deram-me mesmo jeito e fiz o mais importante: quebrei uma obrigação, porque poderia mesmo ter continuado à espera do 60 - o autocarro!
Nao fiz nem uma coisa nem outra. Acabei por fazer algo que não tinha planeado. E vendo bem as coisas nem foi nada mau...
E é mesmo isto que quero que aconteça sempre: dar a volta por cima, seja em que situação for!

Bom fim-de-semana!

6 comentários:

jonah disse...

eva... não posso deixar de comentar este post... embora não saiba muito bem o que acrescentar. bom, fica isto: a minha cabeça também está formatada para obrigações, também eu já ouvi muitas vezes de pessoas que me são próximas "estás a ficar velha, já não sais nem te divertes". até a minha mãe, imagina, me diz mil vezes que sou muito presa e penso demasiado no que "devo fazer" e não tanto no que "quero fazer". que sou demasiado "velha" para a minha idade. nao tenho conselhos para ti, mas estou a tentar ser um bocadinho mais inconsequente. ainda assim não deixo de pensar que isso é ir contra a minha natureza para ser mais como os outros esperam que eu seja... um beijo

Agni :)* disse...

"Acabei por fazer algo que não tinha planeado. E vendo bem as coisas nem foi nada mau..."
Pirikita, uns dos segredos passa mesmo por aí, não planear, deixar fluir...
Vês como pode ser tão bom?!...
A vida também nos presenteia, temos é de dar-lhe espaço para isso...
Não chorei, mas a semana que passou, foi também para mim de recolhimento...
Às vezes é preciso...
Se a tua vontade era chorar, se a tua vontade era estar sugadita no teu canto, pois então que seja...
Se é isso que sentes, é isso que tens de viver, viver de acordo com a TUA VONTADE, com o TEU EU!!!
As verdadeiras respostas são encontradas assim, nesses momentos...
No entanto, atenção, nada de cair em extremos...
Querida, se te sentes assim, sentes e punto!
Não tens de pensar no porquê, muito menos se tens ou não direito a isso.
Não haveras de ter pela alma de quem?!
Incomodaste alguém com o teu silêncio?!...
Todos temos direito ao nosso espaço, ao nosso tempo e quem for verdadeiramente amigo tem se saber respeitar isso, não fazer-nos sentir culpados, pois pressões já temos de sobra, vero?!...
Tantas são as coisas que gostava de te dizer...
Tantas que não cabem aqui, nem mesmo num mail...
O mais provável é não SENTIRES as minhas palavras, mas acredita que as respostas a todas as tuas questões estão muito muito perto. Estão dentro de TI!!!
Infelizmente essas querida, apenas tu puderás alcançar...
"Como?" - perguntas tu...
Pois, mais do mesmo... complicado falar aqui...
Gostava mesmo de falar mais contigo... :(
Minha linda, não te esqueças nunca te gostar de ti, SEMPRE!!!
És linda!!! E goto munto de tu ;) jinho gande e xi apetadinho :)*

eva disse...

momentU: entendo-te muito bem, e por isso sei que sabes como por vezes é difícil sair desta esfera, q no fundo, é o nosso modo de ser. Parece que temos de nos "abandonar" um pouco para nos sentirmos mais iguais aos outros. Eu, por vezes, também tento ser mais inconsequente, mas fazer isso conscientemente parece estranho, não é? beijinhos

Agni: obrigada, mais uma vez pelas tuas palavras. Sim, eu SINTO o que dizes e compreendo. Por vezes o mais dificil é passar à prática, mas só há que tentar! beijinho

Segredo Cor de Rosa disse...

Sabes o que eu acho que precisas? De te libertar nas horas vagas. Extravazar. Sim, sim. Não leias e entendas isto (e muito menos penses) como um perfeito disparate.

Trabalhas muito e bem. Sim, realiza-te e preenche-te. Mas à parte disso tens de te soltar. Ir ao centro comercial fazer compras sem apontares o dinheiro que gastaste. Sim, é preciso sentirmo-nos livres. Compensar-nos com coisas materiais úteis e que nos fazem sentir bonitas. E sei que já deste inúmeros passos nesse sentido. Mas tens de continuar. E não há culpa nenhuma em fazer isso, ou ser assim.
A vida é uma dádiva e tu tens tido ene delas (dádivas). Já reparaste deste que vieste pra Lisboa a tua vida tem estado sempre a subir?
Convites para ene trabalhos e saídas passeios?
Se analisares bem estes quase 3 meses tem sido um passo fabuloso. E muitos mais estarão pra vir.

Podes sempre contar comigo.
Não me faças é prometer que não te vou obrigar a contares-me as coisas. Sinto-me responsável por ti (em parte). Portanto, podes chorar à vontade.
Mas terás de me explicar.

Beijinho Grande
Podes sempre contar avec moi.

fd disse...

Nessa frase, [querer] “agarrar a vida que me foge, sem me sentir culpada ao fazê-lo, porque tenho todo o direito” [e não o conseguir] conseguiste descrever muito bem o que queres transmitir. Conheço algumas pessoas a que a sentem profundamente. Quanto a obrigações, possivelmente a primeira a criá-las és tu própria, artificialmente ou inconscientemente, por várias razões, ou ainda baseada na visão que tens da visão ou expectativas que julgas os outros terem de ti.

É natural vires a descobrir, se já não sabes, que quem realmente gosta de ti, quer é que tenhas os teus momentos felizes à tua maneira.
Sobre a comparação dos teus “problemas” com outros, acho que não vale a pena estares a fazer esse exercício ou, a realizá-lo, poderá ser mais no sentido de te conheceres melhor, ou ainda, constatares que tens oportunidades. Parece-me ser mais significativo a interpretação, o significado e a intensidade das tuas questões, observadas a partir do teu referencial. Até porque não me parece que haja o conceito de justiça na distribuição da felicidade.

Faço ainda o mesmo género de consideração em relação à comparação de objectivos ou planos de vida. Da maneira como escreves parece saberes o que queres. A questão da transposição para a prática é outro assunto. Até porque, tal como fizeste em relação ao episódio do autocarro, os planos não são todos para cumprir e nem tudo ter de estar planeado. “Basta” planear a recusa da fuga, do isolamento (o que não é fácil). A ausência de planos pode proporcionar-te agradáveis surpresas. Take my advice, I don't use it anyway.

Boa semana!

eva disse...

Segredo: Sim, é bem verdade o que dizes. Tenho tido muitas oportunidades desde que vim para cá. Posso estar a querer "pôr o carro à frente dos bois", com alguma impaciência, portanto. Eu sei que posso contar contigo ;)

fd: "Take my advice, I don't use it anyway." Com certeza! :)